Exceção de Pré-Executividade: Como Aplicar no Processo de Execução

Artigo sobre Direito

Exceção de Pré-Executividade: Fundamentos, Aplicações e Implicações Práticas

O que é a Exceção de Pré-Executividade?

A exceção de pré-executividade é um instrumento de defesa do executado em sede de execução, que permite impugnar o título executivo ou discutir matérias de ordem pública sem a necessidade de garantia do juízo. Trata-se de uma criação pretoriana aceita nos tribunais brasileiros, especialmente a partir da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ainda que não esteja positivada expressamente no Código de Processo Civil (CPC).

Esse mecanismo foi criado com base na premissa de que determinadas nulidades podem (e devem) ser reconhecidas de ofício pelo juiz em qualquer grau de jurisdição. É fruto da proteção ao princípio do devido processo legal e da busca pela efetiva justiça.

Fundamentação Legal e Doutrinária

Embora o novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015) não traga menção expressa à exceção de pré-executividade, seu uso é autorizado por princípios gerais do processo, destacando-se:

– Princípio da economia processual
– Princípio da celeridade processual
– Princípio do contraditório e ampla defesa (art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal)
– Poder de controle de legalidade e de cognição ex officio do juiz sobre matérias de ordem pública

Historicamente, a exceção foi introduzida no processo como uma maneira de evitar a constrição patrimonial injusta ou excessiva, em hipóteses nas quais o devedor tenha uma tese jurídica que possa ser acolhida liminarmente.

Hipóteses de Cabimento da Exceção de Pré-Executividade

A jurisprudência delimita as hipóteses em que é admissível o uso da exceção de pré-executividade. Em geral, são aceitas as seguintes condições:

– Matérias que podem ser conhecidas de ofício pelo juiz
– Tópicos que não dependem da dilação probatória
– Inexigibilidade do título executivo
– Incompetência absoluta do juízo
– Ilegitimidade de parte
– Nulidade formal do título
– Inexistência da obrigação
– Prescrição ou decadência

A exceção é inadequada para teses que demandem produção de provas, exceto quando a prova apresentada for documental e inequívoca, uma vez que o rito executivo prescinde de dilação probatória.

Natureza Jurídica da Exceção de Pré-Executividade

A doutrina majoritária compreende a exceção de pré-executividade como uma forma de defesa indireta no processo de execução, de natureza incidental e de extensão restrita. Alguns a identificam com uma simples petição incidental, e não com uma ação autônoma nem com embargos à execução. Essa característica é relevante, pois afasta a necessidade de garantia do juízo — requisito presente nos embargos do executado, conforme o art. 914 do CPC.

A inexigência de prévia penhora ou depósito é o principal atrativo do instrumento. Trata-se de uma garantia de acesso à justiça, conforme preconiza o art. 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal, assegurando que nenhuma lesão ou ameaça de direito ficará sem apreciação judicial.

Distinção Entre Exceção de Pré-Executividade e Embargos à Execução

A confusão entre esses dois instrumentos é comum, mas possuem naturezas e requisitos distintos. Os embargos à execução são uma ação autônoma, sujeita a prazo, necessidade de garantia do juízo e recolhimento de custas. Têm, portanto, um espectro mais amplo de alegações e admitem produção de provas.

Já a exceção de pré-executividade é um incidente processual, cujo objetivo é atacar nulidades absolutas ou matérias de ordem pública, sem necessidade de garantia do juízo ou recolhimento de custas. Sua admissibilidade está condicionada à cognição imediata pelo magistrado, sem complexidade probatória.

O STJ já sedimentou esse entendimento, afirmando que: “a exceção de pré-executividade é cabível em execução fiscal para o reconhecimento de matérias de ordem pública, desde que a controvérsia independer de dilação probatória”.

Essa diferenciação é essencial à prática jurídica, sobretudo na definição estratégica sobre qual instrumento utilizar em face da atuação do exequente.

Procedimento e Efeitos Práticos

A exceção de pré-executividade deve ser apresentada nos próprios autos da execução, em petição simples. Não possui forma legal específica, mas requer a indicação precisa dos fundamentos jurídicos e fáticos que sustentam a nulidade ou invalidade do título executivo.

O procedimento se desenrola da seguinte forma:

1. Apresentação de petição incidental pelo executado;
2. Apreciação liminar pelo juiz, com ou sem a intimação da parte exequente;
3. Possibilidade de manifestação da parte contrária;
4. Decisão judicial (podendo ser terminativa da execução, caso acolhida).

Cabe recurso da decisão que rejeita a exceção (agravo de instrumento, nos termos do art. 1.015, inciso II, do CPC).

Em termos práticos, o acolhimento da exceção poderá gerar:

– Extinção do processo de execução;
– Reconhecimento de nulidade do título;
– Suspensão da execução;
– Correção de vícios.

Exemplo Prático: Título Não Executivo

Suponha que esteja em curso uma execução promovida com base em um contrato particular de prestação de serviços, desacompanhado de cláusula de confissão de dívida e assinado unilateralmente. Nessa hipótese, o contrato não possui os requisitos de um título executivo extrajudicial, conforme art. 784 do CPC.

O executado pode apresentar exceção de pré-executividade, alegando a inexistência de título executivo válido. Diante dessa matéria de ordem pública e com prova documental inequívoca, o juiz pode extinguir a execução sem necessidade de embargos.

Esse raciocínio é comum nas práticas dos tribunais e pode ser decisivo para a advocacia de massa, especialmente em execuções fiscais, bancárias e cíveis.

Exceção de Pré-Executividade na Execução Fiscal

No âmbito da execução fiscal, regida pela Lei nº 6.830/1980 (LEF), a exceção de pré-executividade encontra aplicação consolidada. Os tribunais aceitam, por exemplo, discutir por meio dela:

– Prescrição do crédito tributário (art. 174 do CTN)
– Ausência de CDA válida (art. 2º, § 5º da LEF)
– Ilegitimidade passiva
– Nulidades evidentes

Sendo a execução fiscal um território especialmente sensível para os contribuintes — muitas vezes com penhoras eletrônicas automáticas — a identificação de nulidades permite uma atuação célere da defesa para evitar constrições patrimoniais indevidas.

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Consequências Processuais e Estratégias de Defesa

Uma exceção bem elaborada pode representar a diferença entre a manutenção de uma execução abusiva ou sua extinção sumária. Para isso, o advogado deve escolher cuidadosamente os fundamentos, delimitar as matérias de ordem pública e correlacionar de forma precisa os dispositivos legais aplicáveis.

Como estratégia, muitas defesas combinam a exceção com os embargos à execução. Nessa hipótese, o profissional apresenta a exceção para matérias de ordem pública e, em paralelo, os embargos como via principal para outras questões probatórias. Essa abordagem mista requer habilidade e domínio técnico avançado.

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Insights Finais

A exceção de pré-executividade é um instrumento essencial da advocacia contemporânea, que permite ao profissional jurídico proteger direitos fundamentais com agilidade e economia processual. Sua aplicação vai além do processo civil comum, alcançando áreas como o direito tributário, bancário e empresarial.

Compreender suas possibilidades e limitações é um diferencial competitivo no mercado jurídico. Dominar a técnica e a jurisprudência envolvidas capacita o advogado a enfrentar execuções de forma mais eficaz, protegendo o patrimônio do cliente e fortalecendo sua atuação estratégica nos tribunais.

Perguntas e Respostas Frequentes

1. É obrigatório garantir o juízo para apresentar exceção de pré-executividade?

Não. A exceção dispensa a garantia do juízo, diferentemente dos embargos à execução, que requerem penhora, depósito ou caução do valor executado.

2. Quando utilizar exceção de pré-executividade ao invés de embargos?

Deve-se utilizar a exceção quando a matéria alegada for de ordem pública e não demandar produção de provas. Para outras alegações, a via correta são os embargos do executado.

3. Existe prazo para apresentar a exceção?

Não há prazo legal específico. Contudo, recomenda-se que seja apresentada logo após a citação, para evitar prejuízos e constrições patrimoniais indevidas.

4. Qual o recurso cabível caso a exceção seja rejeitada?

A decisão que rejeita a exceção é interlocutória e comporta agravo de instrumento, conforme art. 1.015, II, do CPC.

5. Exceção de pré-executividade pode ser usada na execução de alimentos?

Sim, especialmente para alegações como excesso de execução ou inexigibilidade do título. Contudo, a matéria invocada deve ser de ordem pública e comprovável de plano.

Aprofunde seu conhecimento sobre o assunto na Wikipedia.

Acesse a lei relacionada em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm

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Este artigo teve a curadoria do time da Galícia Educação e foi escrito utilizando inteligência artificial a partir de seu conteúdo original em https://www.conjur.com.br/2025-jun-16/exame-de-ordem-exige-peca-de-excecao-de-pre-executividade-na-2a-fase/.

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