Direito Ambiental e Compliance: sustentabilidade e responsabilidade

Artigo sobre Direito

Direito Ambiental e Sustentabilidade Corporativa: entre a Retórica e a Responsabilidade Jurídica

O que é o Direito Ambiental: fundamentos constitucionais e legais

O Direito Ambiental é o ramo do Direito que regula as atividades humanas com o objetivo de proteger e preservar o meio ambiente, nos termos do art. 225 da Constituição Federal de 1988. A tutela constitucional do meio ambiente não apenas reconhece o meio ambiente ecologicamente equilibrado como bem de uso comum do povo, mas impõe ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Esse princípio gera uma série de normativas infraconstitucionais, como a Lei nº 6.938/1981 (Política Nacional do Meio Ambiente), a Lei nº 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais), além das Resoluções do CONAMA, entre outras.

Do ponto de vista jurídico, a abordagem ambiental está fortemente conectada à ideia de desenvolvimento sustentável, que busca conciliar o crescimento econômico com a preservação dos recursos naturais. Esse conceito exige a adoção de políticas públicas, normas de conduta e responsabilização jurídica efetiva daqueles que causam ou colaboram com a degradação ambiental.

Sustentabilidade empresarial e o papel da responsabilidade socioambiental

No contexto empresarial, a sustentabilidade ultrapassa o discurso mercadológico. Com o aumento da conscientização ambiental, cresce também a fiscalização regulatória e a exigência de responsabilidade legal das organizações. A chamada “governança ambiental, social e corporativa” (ESG, na sigla em inglês), embora tenha um papel estratégico, não substitui as obrigações legais impostas pela legislação ambiental brasileira.

Empresas que promovem sua preocupação ambiental em campanhas institucionais, mas operam em desacordo com práticas sustentáveis – prática conhecida como greenwashing – podem incorrer em várias formas de sanções, inclusive de ordem penal, civil e administrativa.

O ordenamento jurídico brasileiro permite controlar essas condutas por meio do licenciamento ambiental, termos de ajustamento de conduta (TAC), auditorias ambientais compulsórias e responsabilização por danos a recursos naturais.

Responsabilidade civil por dano ambiental: obrigações, sanções e jurisprudência

A responsabilidade civil por dano ambiental é objetiva, conforme o parágrafo 3º do art. 225 da Constituição Federal e o art. 14, §1º da Lei 6.938/1981. Isso significa que não há necessidade de comprovação de culpa ou dolo. Basta a comprovação do nexo entre a atividade poluidora e o dano ambiental.

A obrigação recai sobre o poluidor direto, mas também pode alcançar o indireto, conforme entendimento consolidado no Superior Tribunal de Justiça: “A responsabilidade por dano ambiental é solidária entre todos os causadores do dano, podendo alcançar inclusive financiadores ou quem se beneficia da atividade” (REsp 1.114.398/SP).

São possíveis três tipos de sanções:

Sanções administrativas

Impostas por órgãos ambientais (como IBAMA ou órgãos estaduais), incluem advertências, multas, suspensão de atividades e embargo de obras.

Sanções cíveis

São aquelas definidas pelo Poder Judiciário em ações civis públicas ou ações populares, visando, prioritariamente, a restauração do bem ambiental (reparação in natura). Quando impossível, aplica-se a indenização por perdas e danos monetários.

Sanções penais

Tanto pessoas físicas quanto jurídicas podem responder penalmente por danos ambientais, conforme a Lei 9.605/1998. A responsabilização penal da pessoa jurídica é permitida mesmo que não seja identificada a pessoa física autora direta do ato ilícito (Súmula 713 do STF).

Compliance ambiental como mecanismo de prevenção jurídica

Em razão da complexidade e severidade das normas ambientais, tornou-se imprescindível que empresas mantenham programas robustos de compliance ambiental. O objetivo principal é assegurar o cumprimento das obrigações estabelecidas pelas autoridades ambientais e mitigar riscos de responsabilidade.

Um programa eficaz deve incluir auditorias ambientais, treinamentos internos, canais de denúncia, mecanismos corretivos e uma governança clara em relação ao tratamento de resíduos, energia, emissões e uso dos recursos naturais.

Empresas que possuem sistemas de compliance ambientais bem estruturados não só reduzem sua exposição a riscos jurídicos como também ganham diferencial competitivo em mercados cada vez mais exigentes em transparência e ética ambiental.

Para os profissionais do Direito, o domínio sobre esse conteúdo é mais do que necessário. O advogado que atua, por exemplo, em Direito Empresarial ou Tributário precisa entender as consequências jurídicas de passivos ambientais e os reflexos delas em processos de fusões e aquisições. A certificação jurídica torna-se estratégica.

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O conflito entre marketing ambiental e responsabilização jurídica

A adoção de políticas e propagandas sustentáveis por instituições não é incompatível com a responsabilidade jurídica. No entanto, quando tais iniciativas não são acompanhadas de práticas reais e mensuráveis, configura-se a infração conhecida como greenwashing – publicidade enganosa com efeito de iludir o consumidor sobre a sustentabilidade efetiva de um produto ou serviço.

Do ponto de vista jurídico, o greenwashing pode ser enquadrado como prática abusiva nos termos do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990), art. 37, §1º, que veda a publicidade enganosa ou abusiva. Adicionalmente, há impactos na integridade da marca, da responsabilidade civil por violação da boa-fé objetiva e, em casos graves, da responsabilidade penal.

Assim, não basta que a empresa diga que é sustentável: ela precisa comprovar, com dados verificáveis, indicadores auditáveis e condutas concretas de responsabilidade ambiental.

A importância da transparência e da mensuração

Indicadores como a pegada de carbono, matriz energética usada, volume de resíduos gerados e destino de materiais perigosos são parâmetros objetivos que podem (e devem) ser cobrados do ponto de vista jurídico.

A transparência em relação a esses dados, inclusive em relatórios públicos ou documentos de ESG, reduz significativamente o risco jurídico e contribui para a governança adequada.

Responsabilidade dos dirigentes e administradores

A responsabilidade ambiental não recai somente sobre a pessoa jurídica enquanto ente abstrato. Dirigentes, sócios, diretores e tomadores de decisão podem ser responsabilizados solidariamente, tanto civil quanto penalmente, quando comprovado que atuaram com culpa ou interferência direta na política ambiental da empresa.

Isso demanda atenção redobrada dos assessores jurídicos internos, que devem orientar os responsáveis pelas decisões estratégicas quanto às possíveis consequências legais de suas opções.

Nesse sentido, a aplicação de cláusulas de excludente de responsabilidade, blindagens patrimoniais e seguros ambientais são medidas preventivas que precisam estar alinhadas com o ordenamento jurídico e com as exigências de boa-fé e transparência.

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Insights importantes para profissionais jurídicos

Direito Ambiental como instrumento efetivo de controle de condutas corporativas

O Direito Ambiental não deve ser visto apenas como uma área reativa, destinada a remediar danos. Com a complexidade das relações econômicas e sociais, esse campo jurídico se tornou preventivo e normatizador. A atuação jurídica pode tanto impedir a ocorrência de danos quanto propor soluções legais inovadoras por meio de programas de adequação, auditoria e estratégias de mitigação de riscos legais.

Sustentabilidade jurídica sólida exige mais que retórica

Empresas que ignoram suas obrigações ambientais em prol de narrativa ou marketing podem sofrer um “efeito bumerangue” jurídico. Além das sanções legais, há a perda de credibilidade com consumidores, investidores e reguladores. O papel do Direito é justamente separar a retórica da efetividade jurídica.

Advogados ambientalistas e multidisciplinaridade

O profissional que atua com Direito Ambiental precisa dominar conceitos técnicos (como rotas tecnológicas de despoluição, impactos de barragens, emissões de carbono etc.), além do repertório jurídico. Isso exige formação contínua e capacidade de dialogar com diferentes áreas – engenharia, biologia, sustentabilidade corporativa e compliance.

Perguntas e Respostas Frequentes

1. O que caracteriza greenwashing do ponto de vista jurídico?

Greenwashing é caracterizado como publicidade enganosa ou abusiva, quando uma empresa divulga práticas sustentáveis inexistentes ou desproporcionais à sua atuação real. Pode ser enquadrado no art. 37 do Código de Defesa do Consumidor e gerar responsabilidade civil e administrativa.

2. Pessoas físicas podem ser responsabilizadas por crimes ambientais cometidos por empresas?

Sim. Sócios, dirigentes e responsáveis técnicos podem responder penalmente quando agem com culpa ou dolo, conforme prevê a Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/1998). A responsabilidade penal é autônoma e pode coexistir com a da pessoa jurídica.

3. A responsabilidade civil ambiental permite acordos extrajudiciais?

Sim, é possível firmar termos de ajustamento de conduta (TACs) com o Ministério Público ou órgãos ambientais, para compensar e reparar os danos causados. No entanto, esses acordos não impedem outras formas de responsabilização.

4. Qual a relevância do advogado empresarial conhecer o Direito Ambiental?

Altíssima. Passivos ambientais afetam diretamente questões societárias, contratuais e tributárias. Em transações especiais (como fusões e aquisições), o risco de haver dano oculto ou sanção por omissão da devida diligência ambiental é grande.

5. O que é necessário para implementar um compliance ambiental efetivo?

É fundamental mapear riscos, elaborar política interna de sustentabilidade, criar auditorias periódicas, responsabilizar gestores e manter atualizada a conformidade com as legislações locais, federais e internacionais aplicáveis.

Conclusão

A interface entre sustentabilidade e Direito Ambiental exige muito mais que boas intenções. Ela demanda conhecimento técnico, vigilância jurídica e atuação estratégica. Cabe ao profissional do Direito atuar de forma preventiva e propositiva, elevando o padrão ético e legal das organizações em que atua.

Dominar esses conhecimentos não é apenas diferencial competitivo: é responsabilidade profissional.

Aprofunde seu conhecimento sobre o assunto na Wikipedia.

Acesse a lei relacionada em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm#art225

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Este artigo teve a curadoria do time da Galícia Educação e foi escrito utilizando inteligência artificial a partir de seu conteúdo original em https://www.conjur.com.br/2025-jun-12/a-retorica-da-sustentabilidade-e-o-necessario-confronto-a-hipocrisia-ambiental/.

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