CFEM: Entenda a Natureza Jurídica da Compensação Mineral

Artigo sobre Direito

Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM): Fundamentos Jurídicos

A Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) é uma obrigação imposta às empresas mineradoras que exploram recursos minerais em território brasileiro. Ela constitui uma retribuição financeira ao Estado pelo uso de bens públicos de natureza minerária, conforme previsto no art. 20, §1º da Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei nº 7.990/1989 e, posteriormente, pela Lei nº 8.001/1990.

Os recursos minerais são bens da União, e a exploração econômica desses bens exige não apenas autorização ou concessão do Poder Público, mas também pagamento de compensações pelo aproveitamento. A CFEM integra a estrutura jurídico-tributária brasileira na categoria das receitas patrimoniais originárias, por ser uma contraprestação pública pela exploração de um bem público.

Previsão legal e natureza jurídica da CFEM

O art. 6º da Lei nº 7.990/1989, com redação dada pela Lei nº 13.540/2017, disciplina a CFEM nos seguintes termos: “A compensação financeira pela exploração de recursos minerais será devida ao Distrito Federal, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios onde ocorrer a extração dos recursos minerais, bem como ao órgão da administração da União responsável pela fiscalização da atividade minerária.”

A natureza jurídica da CFEM tem sido objeto de debates, mas prevalece o entendimento de que se trata de uma receita originária da União decorrente da exploração de bem público. O Supremo Tribunal Federal, em diversas decisões, tem reafirmado que a CFEM não é tributo, o que afasta a aplicação de normas constitucionais e legais específicas aplicáveis ao sistema tributário nacional.

Destinação e repartição da CFEM

A arrecadação da CFEM é repartida entre a União, os Estados, os Municípios e órgãos federais. De acordo com a legislação vigente:

– 15% destinam-se à União, por meio da Agência Nacional de Mineração (ANM);
– 23% cabem ao Estado onde ocorre a lavra;
– 60% ao Município produtor;
– 2% ao município afetado pela atividade de mineração, ainda que não seja produtor direto.

Os recursos da CFEM têm finalidade específica: devem ser aplicados em projetos e ações que promovam o desenvolvimento local e a mitigação dos impactos socioambientais causados pela operação mineral. O descumprimento dessa vinculação pode sujeitar o ente federativo a sanções de responsabilidade fiscal e administrativa.

Fiscalização da CFEM: Competência dos Tribunais de Contas

A atuação dos Tribunais de Contas na fiscalização da aplicação dos recursos da CFEM decorre de sua competência constitucional para controlar a legalidade, legitimidade e economicidade da gestão dos recursos públicos (art. 70 e 71 da Constituição Federal).

A fiscalização consiste, sobretudo, na verificação da correta destinação dos recursos da CFEM pelos entes federativos. No caso dos Municípios, cabe ao Tribunal de Contas do Estado exercer essa função. Já no âmbito federal, a atribuição recai ao Tribunal de Contas da União (TCU), especialmente no monitoramento das ações da ANM.

Critérios de controle e responsabilização

Os Tribunais de Contas avaliam, entre outros aspectos:

– Se os recursos foram efetivamente aplicados em áreas como infraestrutura, saúde, educação, saneamento básico e recuperação ambiental;
– Se houve desvio de finalidade ou uso em despesas com pessoal e custeio administrativo, o que é vedado pela legislação;
– Se foram adotados critérios de economicidade, eficiência e publicidade das ações públicas custeadas com CFEM.

Quando constatadas irregularidades, os responsáveis podem ser penalizados com a imputação de débito, aplicação de multa e até comunicação ao Ministério Público para apuração de responsabilidades civis e penais.

Este panorama demonstra a centralidade do tema na atuação de advogados especializados em Direito Administrativo, Direito Minerário e Controle da Administração Pública. O correto entendimento da natureza jurídica da CFEM e dos mecanismos de fiscalização é indispensável para evitar responsabilizações futuras e orientar juridicamente gestores públicos e agentes privados.

Relação com outros instrumentos jurídicos: Concessões e Licenciamento Ambiental

A CFEM está inserida em um cenário jurídico mais amplo que envolve as concessões de lavra e o licenciamento ambiental. A autorização ou concessão para a exploração mineral não exime o empreendedor do cumprimento das normas ambientais.

Assim, os operadores do Direito devem compreender que:

– O licenciamento ambiental é requisito prévio para a obtenção de títulos minerários definitivos;
– A exploração mineral sem licenciamento ambiental configura ilegalidade sujeita à responsabilização nas esferas administrativa, cível e penal;
– O pagamento da CFEM não suprime ou substitui outras obrigações do minerador, como autuações ambientais ou obrigações trabalhistas e previdenciárias.

Portanto, a atuação jurídica nesta área exige conhecimento transversal entre ramos do Direito Público, em especial Direito Administrativo, Constitucional, Ambiental e Tributário.

Desafios jurídicos contemporâneos envolvendo a CFEM

A reformulação da legislação da CFEM pela Lei nº 13.540/2017 alterou a base de cálculo, as alíquotas e a forma de distribuição dos recursos. Essas alterações suscitaram importantes questões jurídicas, como:

– Aplicação do princípio da anterioridade tributária;
– Constitucionalidade da nova repartição de receitas;
– Possibilidade (ou não) de revisão judicial das alíquotas da CFEM;
– Extensão da fiscalização pelos tribunais de contas sobre entes federativos não diretamente beneficiados pela arrecadação.

A jurisprudência ainda está em desenvolvimento e a atuação jurídica proativa, tanto consultiva quanto contenciosa, torna-se essencial na defesa dos interesses de entes federativos, mineradoras e órgãos públicos.

É nesse ponto que o aprofundamento técnico se torna um diferencial. Entender os fundamentos da responsabilidade pública e da estrutura constitucional das receitas públicas é chave para uma atuação jurídica segura. Para isso, o curso Certificação Profissional em Contribuições Especiais oferece o arcabouço teórico e prático para compreender com profundidade institutos como CFEM, CIDE, FUNDEB, entre outros.

O papel do advogado no acompanhamento da CFEM

O advogado que atua junto a Municípios, empresas ou órgãos de controle deve participar ativamente de todas as fases que envolvem a compensação financeira:

– Orientando os municípios na elaboração de planos de aplicação dos recursos compatíveis com a legislação;
– Elaborando pareceres sobre a regularidade de projetos financiados por CFEM;
– Acompanhando auditorias realizadas pelos Tribunais de Contas;
– Atuando judicialmente na defesa dos interesses de entes responsabilizados por má gestão.

Esse campo de atuação oferece oportunidades em licitações públicas, consultoria jurídica, contencioso e compliance público, valorizando profissionais com formação contínua e especialização em áreas estratégicas do Direito.

Quer dominar Compensações Financeiras Minerárias e se destacar na advocacia pública ou privada? Conheça o curso Certificação Profissional em Contribuições Especiais e transforme sua carreira.

Conclusão

A CFEM insere-se em um contexto complexo de gestão pública e regulação da atividade econômica. Sua compreensão transcende o mero conhecimento técnico-minerário, exigindo do operador do Direito familiaridade com os princípios constitucionais da administração pública, regime jurídico financeiro e instrumentos de controle externo.

A inserção profissional neste nicho de atuação depende de constante atualização e domínio normativo e jurisprudencial. Com legislações em constante mutação e um cenário jurídico-político dinâmico, o advogado pode se tornar protagonista no assessoramento de entes públicos e privados, com forte impacto sobre o desenvolvimento sustentável do setor mineral.

Insights Finais

– A CFEM possui natureza jurídica própria, distinta de tributo tradicional, mas está sujeita à fiscalização rígida quanto à sua aplicação.
– O controle externo exercido pelos tribunais de contas tem sido decisivo para coibir ilegalidades na gestão desses recursos públicos.
– O cenário jurídico da CFEM exemplifica como o Direito é desafiado a compor interesses públicos e privados em áreas sensíveis da economia nacional.
– A atuação estratégica do operador do Direito exige visão interdisciplinar e domínio técnico sobre as normas setoriais.
– Cursos especializados em contribuições e direito financeiro auxiliam na formação de profissionais que pretendem se destacar nesse campo.

Perguntas e Respostas

1. A CFEM é considerada um tributo?

Não. A CFEM tem natureza jurídica de receita patrimonial originária da União, pois decorre da exploração de bem público. Apesar de possuir certas semelhanças com contribuições, não se enquadra na tipologia do sistema tributário nacional.

2. Quem fiscaliza a aplicação da CFEM nos Municípios?

A competência primária é dos Tribunais de Contas dos Estados, que podem instaurar auditorias e aplicar sanções administrativas aos gestores municipais. Em âmbito federal, a ANM e o TCU têm papel fiscalizador das operações de arrecadação e repasse.

3. A CFEM pode ser utilizada para pagamento de pessoal ou despesas correntes?

Não. A legislação proíbe expressamente o uso dos recursos da CFEM para fins de custeio ou pagamento de pessoal, salvo em projetos diretamente ligados à atividade minerária ou mitigação de seus impactos.

4. Como calcular a CFEM devida por uma mineradora?

A base de cálculo da CFEM é a receita bruta da comercialização do produto mineral, deduzidos os tributos incidentes por fora (como ICMS). As alíquotas variam conforme o tipo de substância mineral explorada.

5. É possível contestar judicialmente a distribuição da CFEM entre entes federativos?

Sim. Há casos em que Municípios ou Estados questionaram a repartição dos recursos ou ausência de compensação por impactos indiretos da mineração. Essas discussões têm sido enfrentadas no Poder Judiciário, com base em critérios de razoabilidade e impacto socioambiental.

Aprofunde seu conhecimento sobre o assunto na Wikipedia.

Acesse a lei relacionada em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7990.htm

Busca uma formação contínua com grandes nomes do Direito com cursos de certificação e pós-graduações voltadas à prática? Conheça a Escola de Direito da Galícia Educação.

Este artigo foi escrito utilizando inteligência artificial a partir de uma fonte e teve a curadoria de Fábio Vieira Figueiredo. Advogado e executivo com 20 anos de experiência em Direito, Educação e Negócios. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP, possui especializações em gestão de projetos, marketing, contratos e empreendedorismo. CEO da IURE DIGITAL, cofundador da Escola de Direito da Galícia Educação e ocupou cargos estratégicos como Presidente do Conselho de Administração da Galícia e Conselheiro na Legale Educacional S.A.. Atuou em grandes organizações como Damásio Educacional S.A., Saraiva, Rede Luiz Flávio Gomes, Cogna e Ânima Educação S.A., onde foi cofundador e CEO da EBRADI, Diretor Executivo da HSM University e Diretor de Crescimento das escolas digitais e pós-graduação. Professor universitário e autor de mais de 100 obras jurídicas, é referência em Direito, Gestão e Empreendedorismo, conectando expertise jurídica à visão estratégica para liderar negócios inovadores e sustentáveis.

Assine a Newsletter no LinkedIn Empreendedorismo e Advocacia.

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Escolas da Galícia Educação