Tráfico de Drogas: Conceito Jurídico de Trazer Consigo na Lei

Artigo sobre Direito

Tráfico de Drogas: A Configuração do Tipo Penal e o Conceito de “Trazer Consigo”

O tráfico de drogas é um dos delitos que mais desafiam operadores do Direito Penal no Brasil. A compreensão apurada de seus elementos é fundamental para a atuação jurídica tanto na acusação quanto na defesa. Uma das expressões mais discutidas no âmbito do artigo 33 da Lei nº 11.343/2006, conhecida como Lei de Drogas, é “trazer consigo” substância entorpecente. Entender todo o alcance e as implicações jurídicas deste verbo é essencial tanto para aplicação da lei quanto para a interpretação conforme princípios constitucionais.

O Tráfico de Drogas na Legislação Brasileira

A Lei de Drogas, em seu artigo 33, caput, prevê que “importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, fornecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”, é crime com pena que varia de 5 a 15 anos de reclusão, além de multa.

Dentre os vários verbos nucleares do tipo penal, “trazer consigo” costuma gerar debates doutrinários e jurisprudenciais, sobretudo quanto à necessidade — ou não — de contato físico direto com a substância proibida para configuração do delito.

A Tipicidade e o Tipo Penal do Artigo 33

No Direito Penal brasileiro, o conceito de tipo penal é central. Ele delimita os elementos objetivos e subjetivos necessários para que determinada conduta seja considerada crime. O artigo 33, ao trazer um extenso rol de condutas, opta por uma política criminal abrangente, visando atacar todas as etapas do ciclo do tráfico de drogas.

O verbo “trazer consigo” merece destaque, pois, diferente de outros verbos, admite casos em que o agente não guarda a droga de maneira ostensiva, mas mantém o poder de disposição sobre ela, mesmo sem contato físico. Aqui, depreende-se a necessidade de se analisar a posse e o domínio da coisa.

Elementos do “Trazer Consigo”: Possessão, Domínio e Disponibilidade

O elemento essencial de “trazer consigo” é a disponibilidade jurídica, ou seja, a existência de domínio sobre o entorpecente. Na prática, trata-se da capacidade de decidir o destino da droga, independentemente do local ou da modalidade de posse (direta ou indireta). Por exemplo, uma pessoa que guarda uma substância ilícita num compartimento que só ela tem acesso, mesmo que não esteja portando-a fisicamente, pode ser enquadrada no tipo penal, pois mantém o poder de disposição.

É esse aspecto que evidencia uma das nuances mais relevantes do Direito Penal: a diferenciação entre posse direta e indireta. Na posse direta, o agente está em contato físico com a droga. Na posse indireta, ele a mantém sob seu poder, mesmo que mediata, por meios que lhe permitem dispor sobre seu uso ou destino.

Interpretação Jurisprudencial: O Papel da Jurisprudência na Aplicação do Tipo Penal

Os tribunais superiores têm papel fundamental no balizamento da aplicação do tipo penal, especialmente frente a novas realidades e técnicas criminosas. O entendimento consolidado é no sentido de que o verbo “trazer consigo” não demanda necessariamente contato físico contínuo, bastando que o agente detenha a disponibilidade sobre a substância, de modo consciente e voluntário.

Esse posicionamento tem grande impacto na atuação de advogados criminalistas e na estratégia processual, exigindo aprofundamento doutrinário e o acompanhamento da evolução jurisprudencial. Para quem se dedica ao Direito Penal, cursos de especialização como a Pós-Graduação em Direito Penal e Processo Penal Aplicado são fundamentais para ampliar a visão técnica deste e de outros detalhes jurídicos.

Casos Típicos: Análise de Situações Práticas

No dia a dia forense, inúmeras situações desafiam o operador do direito quanto à configuração do “trazer consigo”. Por exemplo, quando a droga está em um automóvel de uso do investigado, mas em local que somente ele sabe. Ou apresentações em aeroportos ou rodoviárias, em que a substância está em bagagem despachada, ou ainda, sob guarda de terceiros de confiança. Em todos os casos, a jurisprudência aponta que, verificada a disponibilidade e o vínculo direto do agente com a coisa ilícita, o tipo penal pode ser caracterizado.

Esses contornos são essenciais para delimitar os limites entre o tráfico de drogas e o porte para consumo pessoal (art. 28, Lei 11.343/2006), que tem tratamento penal muito mais brando.

Elemento Subjetivo e a Responsabilidade Penal

O crime de tráfico de drogas exige o dolo, ou seja, a vontade consciente de praticar a conduta típica. Além disso, exige-se que o agente tenha conhecimento sobre a natureza ilícita da substância. Eventuais alegações de desconhecimento ou de ausência de contato físico direto devem ser analisadas sob a ótica do domínio do fato.

O domínio do fato é outra categoria penal de suma importância: indica que, mesmo terceiros não portando fisicamente a droga, podem responder pelo delito se participam da cadeia de comando ou controle do entorpecente.

Nuances Dogmáticas e Diferentes Entendimentos

Há doutrinadores que discutem o alcance da expressão “trazer consigo”, alguns defendendo interpretação restritiva, privilegiando o contato físico imediato, outros adotando compreensão ampliativa, enfatizando a disponibilidade e o domínio.

Esse debate se renova diante de avanços tecnológicos e mudanças nas dinâmicas criminosas, como o uso de aplicativos, transporte aéreo e delivery de substâncias entorpecentes. Nessas situações, a dogmática penal é chamada a interpretar os elementos do tipo penal à luz da realidade social, sem perder de vista a segurança jurídica e o devido processo legal.

Implicações para a Prática Processual

A correta compreensão do que constitui “trazer consigo” para fins de incriminação pode impactar diretamente na delimitação do objeto da denúncia, na apreciação das provas e na definição da pena em eventual condenação. Por se tratar de modalidade tipificada, a materialidade e autoria devem ser robustamente comprovadas, com a demonstração do elo entre o agente e a substância entorpecente.

O aprofundamento nesse tema, aliado à análise detalhada do artigo 33 e de seus desdobramentos processuais e probatórios, é vital para uma atuação diferenciada no Direito Penal contemporâneo.

A Importância da Formação Continuada em Direito Penal

Diante das constantes mudanças jurisprudenciais, doutrinárias e das novas tecnologias, a atualização permanente é requisito mínimo para quem almeja excelência na advocacia criminal. Conhecer os limites do tipo penal “trazer consigo” contribui para evitar erros graves na defesa ou acusação de envolvidos em processos criminais.

O cenário exige reflexão crítica e domínio prático do Direito Penal, razão pela qual investir em capacitações técnicas de alto nível é indispensável. A Pós-Graduação em Direito Penal e Processo Penal Aplicado é um desses caminhos para quem deseja domínio prático e teórico dos institutos penais e processuais.

Quer dominar o tema do tráfico de drogas, suas nuances e se destacar na advocacia criminal? Conheça nosso curso Pós-Graduação em Direito Penal e Processo Penal Aplicado e transforme sua carreira.

Insights Importantes

O conceito de “trazer consigo” supera a esfera do contato físico direto e abrange a possibilidade de domínio e disponibilidade sobre a substância entorpecente.

A atuação criminal exige não apenas domínio da lei, mas compreensão de seus elementos à luz da jurisprudência. A distinção entre tráfico e porte para consumo exige análise fática e jurídica refinada.

O aprofundamento no estudo do Direito Penal é crucial para identificar nuances que podem ser decisivas para o desfecho do processo penal.

Perguntas e Respostas

1. É necessário contato físico com a droga para configuração do tráfico de drogas pelo verbo “trazer consigo”?

Não, basta que o agente detenha a disponibilidade ou o domínio sobre a substância entorpecente, mesmo que não esteja em contato físico direto com ela.

2. Qual a diferença entre posse direta e posse indireta no contexto do artigo 33 da Lei de Drogas?

Na posse direta, a pessoa está em contato físico com a droga; na indireta, ela mantém o poder de disposição, mesmo por intermédio de outro ou de algum local sob sua guarda.

3. O crime de tráfico exige dolo ou pode ser cometido de forma culposa?

O crime de tráfico exige dolo, ou seja, vontade consciente de realizar uma das condutas descritas no artigo 33. Não há tráfico culposo na legislação brasileira.

4. A mera presença em local onde há drogas configura o delito de “trazer consigo”?

Não, é necessário que haja elemento que indique o domínio ou a disponibilidade sobre a substância, não bastando mera presença passiva no local.

5. O porte de pequena quantidade de droga sempre caracteriza tráfico?

Não, a quantidade é apenas um dos elementos avaliados. Devem ser consideradas outras circunstâncias, como forma de acondicionamento, destinação, local e conduta do agente, para diferenciar tráfico de porte para consumo pessoal.

Aprofunde seu conhecimento sobre o assunto na Wikipedia.

Acesse a lei relacionada em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm

Busca uma formação contínua com grandes nomes do Direito com cursos de certificação e pós-graduações voltadas à prática? Conheça a Escola de Direito da Galícia Educação.

Este artigo teve a curadoria do time da Galícia Educação e foi escrito utilizando inteligência artificial a partir de seu conteúdo original em https://www.conjur.com.br/2025-ago-31/para-tipificar-trafico-trazer-consigo-nao-exige-contato-fisico-com-a-droga/.

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Escolas da Galícia Educação