Responsabilidade civil em serviços estéticos e indenizações

Artigo sobre Direito

Responsabilidade Civil por Danos em Serviços Estéticos: Fundamentos e Aplicações

A responsabilidade civil em procedimentos estéticos é um tema cada vez mais relevante no campo do Direito. Tratamentos como depilação a laser, peeling químico e outros procedimentos envolvem riscos intrínsecos, especialmente quando se trata de manipulação de equipamentos e substâncias que podem causar danos à integridade física. Neste contexto, compreender os fundamentos jurídicos aplicáveis é essencial para advogados que atuam na área cível e na defesa do consumidor.

Natureza Jurídica da Relação: Contrato de Prestação de Serviços e Relação de Consumo

A prestação de serviços estéticos configura, na maioria dos casos, uma relação de consumo, regida pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), especialmente pelos artigos 2º e 3º, que definem consumidor e fornecedor. O cliente, destinatário final do serviço, é parte vulnerável e hipossuficiente. Já a clínica ou profissional liberal se enquadra como fornecedor. Além disso, há o elemento contratual – um contrato de prestação de serviços, ainda que verbal, que obriga o prestador a agir conforme as regras da boa-fé, diligência técnica e segurança.

Assim, o descumprimento contratual que resulte em lesão à integridade física do cliente se enquadra como inadimplemento contratual com repercussões indenizatórias, acumulando fundamentos de responsabilidade pelo CDC e pelo Código Civil.

Responsabilidade Objetiva e Subjetiva

No âmbito da relação de consumo, aplica-se frequentemente a responsabilidade objetiva prevista no art. 14 do CDC, segundo o qual o fornecedor responde independentemente de culpa pelos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços. O chamado “defeito do serviço” ocorre quando este não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando em conta sua natureza e as informações fornecidas.

No caso de profissionais liberais, há uma nuance: o § 4º do art. 14 do CDC prevê que sua responsabilidade será apurada mediante a verificação de culpa. Contudo, clínicas e estabelecimentos que contratam profissionais geralmente respondem objetivamente, como fornecedores diretos.

Obrigação de Meio ou de Resultado

Uma questão relevante é classificar a obrigação assumida pelo prestador de serviços estéticos. Parte da doutrina e da jurisprudência entende que procedimentos puramente estéticos, sem finalidade terapêutica, tendem a configurar obrigação de resultado. Isso significa que o profissional assume o compromisso de alcançar o efeito prometido, e não apenas de empregar os meios adequados. Nesse cenário, a não obtenção do resultado esperado, ou a ocorrência de danos, gera presunção de culpa.

Já procedimentos com finalidade terapêutica ou reparadora costumam ser considerados obrigações de meio, nas quais cabe ao prestador demonstrar que agiu com diligência e empregou todas as técnicas exigidas.

Danos Materiais e Morais

Os danos decorrentes de complicações em procedimentos estéticos podem incluir tanto prejuízos materiais – como gastos médicos, tratamentos corretivos e lucros cessantes – quanto danos morais, decorrentes da dor, sofrimento e abalo à autoestima. O art. 5º, X, da Constituição Federal, garante a indenização por dano moral, enquanto o art. 186 e o art. 927 do Código Civil fundamentam a obrigação de reparar atos ilícitos.

A quantificação do valor indenizatório deve, segundo a jurisprudência, equilibrar a extensão do dano, o caráter pedagógico da pena civil e a razoabilidade diante da gravidade do caso, evitando-se tanto o enriquecimento ilícito quanto a desproporção punitiva.

Ônus da Prova e Inversão

Uma característica importante das ações envolvendo responsabilidade civil em serviços estéticos é a possibilidade de inversão do ônus da prova, prevista no art. 6º, VIII, do CDC. Quando demonstrada a verossimilhança das alegações ou a hipossuficiência técnica do consumidor, o juiz pode determinar que o prestador prove que agiu sem culpa ou que o serviço não apresentou defeito.

Este instituto é especialmente relevante quando o consumidor não dispõe de conhecimento técnico para contestar laudos ou avaliar o manuseio correto de equipamentos. Para o advogado, é essencial compreender não apenas a previsão legal, mas as estratégias probatórias necessárias para sustentar ou resistir a esse deslocamento do ônus.

Medidas Preventivas para os Prestadores

Sob a perspectiva preventiva, clínicas e profissionais devem observar protocolos de segurança, realizar avaliação prévia rigorosa dos pacientes e fornecer informações claras e completas sobre riscos, conforme exige o art. 6º, III, do CDC. O termo de consentimento informado é ferramenta indispensável para dar ciência ao cliente dos possíveis efeitos colaterais, restringindo potenciais alegações de desconhecimento.

Além disso, a manutenção adequada de equipamentos e a capacitação constante da equipe são elementos que podem ser decisivos em eventual demanda judicial, tanto para a demonstração de ausência de culpa quanto para a mitigação de danos.

Risco da Atividade e Teoria do Risco

A jurisprudência brasileira dialoga com a teoria do risco do empreendimento ao tratar de danos provenientes de atividades potencialmente perigosas. Pelo art. 927, parágrafo único, do Código Civil, quem desenvolve atividade que, por sua natureza, implica risco para terceiros, terá responsabilidade objetiva. Procedimentos com uso de lasers de alta potência ou substâncias cáusticas podem se enquadrar nesta categoria em determinadas interpretações.

Este entendimento reforça a necessidade de gestão de riscos e de seguro de responsabilidade civil para prestadores de serviços estéticos.

Reflexos Profissionais e Aprofundamento Técnico

A atuação em litígios envolvendo danos em serviços estéticos exige domínio de conceitos de responsabilidade civil, do Código de Defesa do Consumidor e das sutilezas probatórias. Um profissional do Direito que compreenda a dinâmica da obrigação de resultado, a teoria do risco e as estratégias de defesa e acusação estará mais bem preparado para atuar nessas demandas. Para o desenvolvimento aprofundado desses conceitos, cursos como a Certificação Profissional em Teoria Geral da Responsabilidade Civil são especialmente indicados.

Conclusão

Os litígios envolvendo procedimentos estéticos demandam uma leitura atenta da legislação e da jurisprudência, conciliando princípios de proteção ao consumidor com a análise técnica do serviço prestado. Compreender a base legal da responsabilidade, distinguir obrigações de meio e de resultado e manejar adequadamente as provas são fatores determinantes para o sucesso na defesa ou acusação. Para o advogado, dominar o tema é, ao mesmo tempo, um diferencial e uma necessidade diante do aumento da judicialização neste campo.

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Insights

O advogado que atua em casos de responsabilidade por danos em serviços estéticos deve sempre considerar a aplicação do CDC, mesmo quando o contrato é de natureza puramente civil. É essencial dominar a argumentação probatória, avaliar a possibilidade de perícias específicas e compreender a psicologia da vítima em danos morais. Além disso, estar atualizado sobre a jurisprudência recente pode definir o rumo de uma demanda.

Perguntas e respostas

1. Serviços estéticos sempre configuram relação de consumo?

Sim, na maioria dos casos a relação é de consumo, pois envolve a contratação de um serviço por uma pessoa física como destinatária final perante um fornecedor.

2. Profissionais liberais respondem objetivamente no CDC?

Não. Pelo § 4º do art. 14 do CDC, profissionais liberais respondem subjetivamente, dependendo da comprovação de culpa, mas clínicas e empresas respondem objetivamente.

3. O que caracteriza obrigação de resultado?

É quando o prestador assume o compromisso de atingir um resultado específico, e não apenas empregar meios técnicos adequados. Se o resultado não é alcançado, presume-se a culpa.

4. Como funciona a inversão do ônus da prova?

O juiz pode inverter o ônus, obrigando o fornecedor a provar que não houve falha, quando houver verossimilhança nas alegações ou hipossuficiência do consumidor.

5. Danos estéticos e morais podem ser cumulados?

Sim, é possível cumular indenizações por danos estéticos e morais, desde que ambos estejam demonstrados de forma independente e decorram de fatos distintos.

Aprofunde seu conhecimento sobre o assunto na Wikipedia.

Acesse a lei relacionada em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm

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Este artigo teve a curadoria do time da Galícia Educação e foi escrito utilizando inteligência artificial a partir de seu conteúdo original em https://www.conjur.com.br/2025-ago-14/justica-condena-clinica-de-estetica-por-queimaduras-em-depilacao-a-laser/.

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