Regularização de Terras Quilombolas e Ferrovia Oeste-Leste

Artigo sobre Direito

Regularização de Terras Quilombolas e a Construção da Ferrovia Oeste-Leste: Um olhar sobre o Direito

Introdução

Nos últimos anos, muito se tem discutido sobre a importância da regularização de terras quilombolas e a construção de grandes obras de infraestrutura no Brasil. Esses temas, que têm sido amplamente debatidos entre políticos, empresários e comunidades quilombolas, trazem à tona questões jurídicas relevantes e de extrema importância para o Direito brasileiro.

Neste artigo, vamos abordar os aspectos legais envolvidos na regularização de terras quilombolas e a construção da Ferrovia Oeste-Leste, a partir do acordo celebrado pela Advocacia-Geral da União (AGU) em 2020. Além disso, vamos analisar como esses assuntos se relacionam com o Direito brasileiro e como podem impactar a atuação de profissionais da área jurídica.

Regularização de Terras Quilombolas

As comunidades quilombolas são grupos étnicos que têm origem nos antigos quilombos, formados por escravos fugidos durante o período colonial. De acordo com a Constituição Federal de 1988, essas comunidades têm direito à propriedade definitiva das terras que ocupam tradicionalmente.

No entanto, a realidade dessas comunidades é marcada por conflitos e disputas fundiárias. Muitas vezes, essas terras são reivindicadas por grandes empresas e proprietários rurais, o que gera um cenário de insegurança e violência para os quilombolas.

Para garantir o cumprimento do direito à terra das comunidades quilombolas, o Governo Federal criou o Programa Nacional de Regularização Fundiária de Terras Quilombolas, que tem como objetivo identificar, demarcar e titular as áreas ocupadas por essas comunidades.

O acordo celebrado pela AGU

Em 2020, a AGU celebrou um acordo com o Ministério Público Federal (MPF) e a Fundação Cultural Palmares para a regularização de terras quilombolas na Bahia e em Minas Gerais. O acordo prevê a conclusão do processo de demarcação de terras quilombolas em até 5 anos, além da realização de estudos para a identificação de novas áreas a serem regularizadas.

Além disso, o acordo também prevê a construção da Ferrovia Oeste-Leste, que interligará o estado da Bahia ao porto de Ilhéus, no litoral baiano. A construção da ferrovia tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento econômico da região, mas também pode gerar impactos socioambientais nas comunidades quilombolas que vivem ao longo do trajeto.

A relação entre os temas e o Direito

A regularização de terras quilombolas e a construção de grandes obras de infraestrutura são temas que envolvem diversas áreas do Direito, como o Direito Constitucional, o Direito Ambiental e o Direito Agrário.

No âmbito constitucional, a proteção às comunidades quilombolas está prevista no artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), que reconhece o direito à propriedade definitiva das terras tradicionalmente ocupadas. Além disso, a construção da Ferrovia Oeste-Leste deve respeitar os princípios da função social da propriedade e do desenvolvimento sustentável, previstos na Constituição.

No campo do Direito Ambiental, a construção da ferrovia deve seguir todas as normas e procedimentos estabelecidos pela legislação brasileira, como o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Além disso, é importante garantir a participação das comunidades quilombolas nas decisões que envolvem a construção da ferrovia, respeitando seus direitos e interesses.

Por fim, no âmbito do Direito Agrário, é necessário analisar os aspectos de regularização fundiária das terras quilombolas, garantindo o cumprimento do direito à terra para essas comunidades e evitando conflitos e disputas fundiárias.

Conclusão

O acordo celebrado pela AGU para a regularização de terras quilombolas e a construção da Ferrovia Oeste-Leste traz à tona importantes discussões jurídicas e sociais. A proteção às comunidades quilombolas e a necessidade de garantir o desenvolvimento sustentável são temas essenciais para o Direito brasileiro.

Portanto, é fundamental que os profissionais do Direito estejam atentos a esses assuntos e atuem de forma ética e responsável, buscando sempre a garantia do cumprimento dos direitos e interesses das comunidades quilombolas e o desenvolvimento sustentável do país.

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Este artigo teve a curadoria de Fábio Vieira Figueiredo é advogado e executivo com 20 anos de experiência em Direito, Educação e Negócios. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP, possui especializações em gestão de projetos, marketing, contratos e empreendedorismo.

CEO da IURE DIGITAL, foi cofundador da Escola de Direito da Galícia Educação e ocupou cargos estratégicos como Presidente do Conselho de Administração da Galícia e Conselheiro na Legale Educacional S.A.. Atuou em grandes organizações como Damásio Educacional S.A., Saraiva, Rede Luiz Flávio Gomes, Cogna e Ânima Educação S.A., onde foi cofundador e CEO da EBRADI, Diretor Executivo da HSM University e Diretor de Crescimento das escolas digitais e pós-graduação.

Professor universitário e autor de mais de 100 obras jurídicas, é referência em Direito, Gestão e Empreendedorismo, conectando expertise jurídica à visão estratégica para liderar negócios inovadores e sustentáveis.

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