Propaganda Enganosa no Direito do Consumidor: Aspectos Legais e Práticos

Artigo sobre Direito

Propaganda Enganosa nas Relações de Consumo: Fundamentos e Implicações Jurídicas

Introdução ao Conceito de Propaganda Enganosa

A propaganda enganosa é um tema de extrema relevância no Direito do Consumidor brasileiro. Sua compreensão profunda é imprescindível para advogados, juízes e todos que atuam na área cível, especialmente em litígios envolvendo fornecedores e consumidores. Nos termos do artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90), a publicidade enganosa é expressamente vedada, sendo considerada toda modalidade de informação ou comunicação publicitária completa ou parcialmente falsa, capaz de induzir o consumidor ao erro a respeito de produto ou serviço.

Assim, compreender os limites e consequências jurídicas da propaganda enganosa é fundamental para a defesa dos direitos dos consumidores e para a orientação de empresas quanto à conformidade de suas práticas comerciais.

Fundamentos Legais: CDC e Propaganda Enganosa

O marco legal básico sobre a matéria é o Código de Defesa do Consumidor, particularmente nos artigos 30, 37 e 38. O artigo 30 estabelece que toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços, integra o contrato que vier a ser celebrado. Por sua vez, o artigo 37, §1º, define a publicidade enganosa como aquela “inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.”

O fornecedor deve sempre garantir a veracidade das informações passadas ao consumidor, mesmo nos detalhes que parecem secundários, como aspectos estéticos ou acessórios do produto, pois tais elementos frequentemente influenciam a decisão de compra. Quando há divergência entre o que foi prometido em anúncios, material publicitário ou apresentações de produto e o que efetivamente é entregue, resta configurada a propaganda enganosa, apta a gerar responsabilidade civil.

Anúncios, Amostras e o Princípio da Vinculação Contratual

A jurisprudência é cristalina ao tratar amostras, protótipos, showrooms e maquetes como extensões da proposta, nos termos do artigo 30 do CDC. O material publicitário, ao não corresponder ao que é entregue, compromete a confiança do consumidor e caracteriza descumprimento da oferta. Isso decorre do chamado princípio da vinculação contratual da publicidade, segundo o qual as informações veiculadas são incorporadas ao contrato firmado entre as partes.

Por isso, decorados, folders, vídeos promocionais e apresentações virtuais devem necessariamente refletir as características do produto final, sob pena de o consumidor poder exigir o cumprimento da oferta, aceitar outro produto ou serviço equivalente, ou rescindir o contrato com direito à restituição de quantia eventualmente paga, corrigida monetariamente, e perdas e danos.

Responsabilidade Civil pela Propaganda Enganosa

O CDC estabelece a responsabilidade objetiva do fornecedor pelos danos oriundos da oferta publicitária enganosa. Implica dizer que não se exige dolo ou culpa para a configuração da obrigação de indenizar: basta a constatação do evento (publicidade enganosa), o dano ao consumidor e o nexo causal entre ambos.

O artigo 39, inciso V, reforça que é vedado ao fornecedor exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva ou realizar práticas abusivas. Já o artigo 6º, inciso VI, prevê a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais em decorrência das relações de consumo.

O fornecedor responde solidariamente junto aos demais participantes da cadeia de consumo pelos danos causados, de acordo com o artigo 34 do CDC. Isso amplia os potenciais sujeitos passivos de eventual ação indemnizatória.

Prova e Ônus Probatório

Em casos de alegação de propaganda enganosa, a inversão do ônus da prova, disposta no artigo 6º, inciso VIII, é importante instrumento de tutela do consumidor, cuja hipossuficiência técnica ou informacional justifica essa inversão. A doutrina e a jurisprudência reconhecem essa proteção, facilitando a obtenção de elementos probatórios, como capturas de tela de anúncios, fotos de maquetes ou comparativos entre o produto anunciado e o recebido.

Nesses casos, cabe ao fornecedor demonstrar que a publicidade não induziu o consumidor a erro ou que o produto entregue está de acordo com o ofertado.

Aplicações Práticas e Consequências Jurídicas

A configuração da propaganda enganosa pode gerar diversas consequências, entre elas:

Cumprimento forçado da oferta;
Substituição do produto por outro equivalente;
Rescisão contratual com devolução de valores atualizados;
Indenização por danos morais e materiais.
A interpretação do Judiciário tem se firmado no sentido de garantir o equilíbrio nas relações de consumo e evitar o enriquecimento ilícito do fornecedor.

A gravidade da propaganda enganosa também pode ensejar a incidência de sanções administrativas, como multas e interdição de atividade, conforme artigo 56 do CDC. Além disso, em casos mais graves, condutas podem configurar, inclusive, crime contra as relações de consumo (artigo 66 do CDC).

Aprofundar-se nesses fundamentos e aplicações práticas é essencial para desenvolver uma atuação jurídica competente, tanto para advogados que representam consumidores quanto para aqueles que defendem fornecedores ou construtoras. O estudo sistemático desses temas, por exemplo, pode ser aprofundado em cursos como a Pós-graduação em Prática da Responsabilidade Civil e Tutela dos Danos, que oferece uma visão contemporânea da responsabilidade civil também no âmbito consumerista.

Propaganda Enganosa e Tutela Coletiva

Cabe ressaltar que a prática de propaganda enganosa, especialmente quando atinge um número indeterminado de consumidores, pode ser objeto de ação coletiva, intentada por órgãos como Ministério Público e associações de defesa do consumidor. O artigo 81 do CDC prevê a tutela coletiva para proteção de interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos.

Essas ações visam não só a reparação de danos individuais, mas também a prevenção e cessação de condutas ilícitas lesivas à coletividade, podendo culminar em obrigações de fazer e não fazer, multas diárias e indenizações em favor de vítimas.

Jurisprudência e Entendimentos Contemporâneos

Os tribunais brasileiros têm reiteradamente afirmado que a diferenciação entre o ofertado e o entregue ao consumidor constitui publicidade enganosa. Não importa se a divergência é meramente estética ou aparentemente “pouco relevante”. É o potencial de indução em erro do consumidor que caracteriza a infração.

Além disso, entende-se que a ciência prévia do consumidor acerca da divergência não afasta, por si só, a caracterização da publicidade enganosa, mas pode influenciar na extensão da responsabilidade indenizatória.

A jurisprudência também distingue a mera expectativa infundada de má-fé do real vício de consentimento causado por informação falsa ou omissa do fornecedor.

Prevenção de Riscos e Boas Práticas

Para operadores do Direito e empresas, torna-se essencial investir em conformidade publicitária e gestão de riscos. A atuação proativa na análise das campanhas de marketing, revisão dos materiais de apresentação e alinhamento entre setores jurídico e comercial são estratégias fundamentais para evitar litígios e sanções.

Advogados especializados devem orientar clientes acerca da necessidade de comunicação transparente e detalhada, preservando registros e materiais publicitários, e estabelecendo políticas internas para aprovação de peças de publicidade, considerando a legislação vigente e a jurisprudência dos Tribunais Superiores.

A capacitação em Direito do Consumidor é também um diferencial competitivo para profissionais. O domínio técnico deste ramo é aprofundado em cursos de pós-graduação que abarcam a responsabilidade civil pela publicidade, proteção contratual e direitos coletivos.

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Insights Práticos

A correta compreensão da propaganda enganosa transcende o mero estudo do artigo 37 do CDC. Como operadores do Direito, é essencial entender seus reflexos no direito contratual, na responsabilidade civil e na tutela coletiva. O tema desafia o profissional a ser multidisciplinar: exige análise da publicidade, conhecimento de direito do consumidor e domínio de direito processual.

Além disso, o aumento das transações digitais e estratégias de marketing inovadoras torna o papel do advogado ainda mais relevante, tanto para a prevenção quanto para a atuação contenciosa de excelência. O aprofundamento teórico e prático é caminho certo para consolidar-se como referência no tema.

Perguntas e Respostas Frequentes

1. O que caracteriza a propaganda enganosa nas relações de consumo?

É caracterizada por qualquer informação falsa, parcial ou omissa em publicidade que induza o consumidor ao erro sobre natureza, características, qualidade ou outros aspectos essenciais do produto ou serviço.

2. Quais são os direitos do consumidor caso seja vítima de propaganda enganosa?

O consumidor pode exigir o cumprimento da oferta, receber um produto equivalente ou rescindir o contrato com restituição de valores e eventual indenização por danos materiais e morais.

3. O fornecedor responde mesmo sem intenção de enganar o consumidor?

Sim, a responsabilidade é objetiva, ou seja, independe de culpa ou dolo, bastando a existência de publicidade enganosa, dano e nexo causal.

4. Como o consumidor pode provar que houve publicidade enganosa?

Pode apresentar anúncios impressos, capturas de tela, folders, fotos de maquetes e qualquer material de apresentação que sustente a divergência entre o prometido e o entregue.

5. É possível solucionar casos de propaganda enganosa por meio de ação coletiva?

Sim, especialmente em situações que afetam múltiplos consumidores, o Ministério Público ou associações podem ajuizar ação coletiva visando proteção difusa, coletiva ou individual homogênea.

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Acesse a lei relacionada em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm

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Este artigo teve a curadoria do time da Galícia Educação e foi escrito utilizando inteligência artificial a partir de seu conteúdo original em https://www.conjur.com.br/2025-set-09/entrega-de-apartamento-diferente-do-decorado-configura-propaganda-enganosa-diz-tj-sp/.

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