Guarda Unilateral no Direito de Família: Entenda Seus Impactos

Artigo sobre Direito

Guarda Unilateral na Perspectiva do Direito de Família

A guarda de filhos é um dos temas mais sensíveis e complexos do Direito de Família. Ela envolve não apenas aspectos legais, mas também psicológicos, sociais e de proteção integral da criança e do adolescente. A guarda unilateral é uma das formas previstas no ordenamento jurídico brasileiro e, apesar de sua aplicação não ser a regra, ela se torna necessária em situações específicas.

Este artigo aborda com profundidade o instituto da guarda unilateral, explorando sua base normativa, hipóteses de cabimento, consequências jurídicas e os desafios enfrentados por advogados e operadores do Direito na sua atuação prática.

Conceito e Base Legal da Guarda Unilateral

A guarda unilateral é disciplinada, principalmente, pelo artigo 1.583 do Código Civil, que trata da guarda dos filhos após a separação dos pais. Conforme o parágrafo 1º deste artigo:

“Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua, conferindo a quem não a detenha o direito de visitas e o dever de supervisionar os interesses dos filhos.”

Ou seja, a guarda unilateral confere a apenas um dos genitores (ou, exceptionnelmente, a um terceiro) a responsabilidade de tomar decisões relativas à vida da criança, enquanto o outro genitor mantém o direito de visitas e de acompanhamento sobre aspectos importantes nos termos fixados judicialmente.

Diferença entre Guarda Unilateral e Compartilhada

Desde a Lei nº 13.058/2014, a guarda compartilhada se tornou a regra no ordenamento jurídico brasileiro, sempre que ambos os genitores estiverem aptos ao exercício do poder familiar. Ela pressupõe uma corresponsabilidade e cooperação mútua, inclusive em residências distintas, com vistas ao melhor interesse da criança.

A guarda unilateral é, portanto, uma exceção, aplicável quando um dos genitores:

1. Demonstra desinteresse pela criança

Há situações em que o genitor ausenta-se voluntariamente da vida do filho, não participa das decisões importantes e até mesmo deixa de exercer contato mínimo, como visitas regulares. Essa omissão pode embasar a concessão da guarda unilateral ao outro genitor, por se entender que este está melhor capacitado ao exercício da função parental.

2. Está inabilitado para o exercício da guarda

Essa inabilitação pode decorrer de problemas psicológicos, dependência química, práticas de violência doméstica ou qualquer outra condição que ponha em risco o desenvolvimento da criança. O juiz deve avaliar as provas com rigor técnico, visando à proteção integral prevista no artigo 227 da Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Critérios para Concessão da Guarda Unilateral

O artigo 1.584, §5º do Código Civil dispõe que, para fins de guarda, deve-se considerar sempre o melhor interesse da criança. Isso significa que critérios como conforto material, proximidade entre os genitores, estrutura emocional da criança e vínculos afetivos com os pais devem ser levados em conta.

Além disso, o juiz pode ouvir o Ministério Público e a equipe técnica do juízo, que inclui psicólogos e assistentes sociais, especialmente quando há conflito entre os pais, conforme regulamentado pelo artigo 1584, §1º do Código Civil.

Cabe destacar que a jurisprudência tem relativizado a regra da guarda compartilhada quando há evidente incompatibilidade entre os genitores, em razão de litígios intensos ou violência doméstica, especialmente quando praticada contra o guardião principal da criança.

O Papel da Prova nas Ações de Guarda

A prova é elemento essencial nos processos de guarda. Cabe às partes produzir elementos que demonstrem não apenas sua aptidão material, mas principalmente a sua capacidade afetiva, emocional e social de oferecer um ambiente saudável para a educação e formação da criança.

São admitidos como provas:

– Relatórios de psicólogos e assistentes sociais,
– Fotografias, vídeos e mensagens que revelem comportamento parental,
– Testemunhos da rotina familiar,
– Documentação escolar ou até mesmo relatórios médicos da criança.

Responsabilidades Jurídicas do Genitor Guardião

A guarda unilateral impõe ao guardião a centralização das decisões referente à vida cotidiana da criança, como:

– Escolha de escola e acompanhamento pedagógico,
– Atendimento de saúde,
– Rotina de convivência familiar e social,
– Autorização para viagens.

Contudo, isso não significa exclusão completa do outro genitor. Este mantém o direito (e o dever) de supervisionar os interesses do filho e, nos termos do §5º do artigo 1.584 do Código Civil, deve ser informado sobre decisões relevantes, especialmente se envolverem impacto no desenvolvimento do menor.

Direito de Visitas e Convivência Familiar

Na guarda unilateral, o genitor que não detém a guarda mantém o direito de visitas. Esse direito pode ser regulamentado judicialmente, levando em conta a idade da criança, a disponibilidade dos pais, aspectos logísticos e eventuais zonas de conflito.

O Estatuto da Criança e do Adolescente assegura, no artigo 19, a convivência familiar como um direito fundamental do menor. Assim, a supressão desse direito só pode ocorrer em situações extremas, como abuso, negligência grave ou alienação parental.

A prática forense exige advogados capacitados para formular pedidos de liminares, interlocutórias e até mesmo modificações de guarda, quando identificadas mudanças fáticas relevantes.

Alienação Parental e seus Reflexos na Guarda

A Lei nº 12.318/2010 define atos de alienação parental como formas de interferência psicológica na formação da criança, visando prejudicar o vínculo dela com o outro genitor.

Quando constatada a alienação parental, o juiz poderá, nos termos do artigo 6º, determinar medidas diversas — da advertência à mudança de guarda. A guarda unilateral pode, nesses casos, funcionar como forma de proteção contra manipulações afetivas indevidas.

Nesses contextos, o advogado deve estar preparado para acompanhar perícias, impugnar relatórios parciais e instruir adequadamente os autos com elementos que demonstrem a real condição psicológica dos pais e da criança.

Terceiros como Guardiões: Possibilidade Excepcional

Embora a guarda entre pais seja a regra, o artigo 33 do ECA admite que, em casos excepcionais e quando ausentes ambos os pais ou diante de grave risco à criança, terceiros — como avós, tios ou padrastos — podem obter guarda unilateral. Nesses casos, o foco recai ainda mais sobre o princípio do melhor interesse da criança.

Essa hipótese exige atuação técnica minuciosa, com instrução probatória completa, especialmente porque altera profundamente a estrutura familiar da criança.

Execução de Obrigações Relacionadas à Guarda

O descumprimento de cláusulas de guarda — como visitas ou responsabilidades escolares — pode ensejar medidas executivas. O artigo 536 do Código de Processo Civil permite a aplicação de multa diária para imposição de ordem judicial relativa a obrigação de fazer.

A atuação prática exige domínio tanto do processo de família quanto do processo civil para que medidas judiciais criem efeitos reais.

Quer dominar as nuances da responsabilidade civil, relações familiares e tutela de interesses sensíveis? Aprofunde-se com a Pós-Graduação em Prática da Responsabilidade Civil e Tutela dos Danos e transforme sua prática jurídica com estratégia, embasamento técnico e sensibilidade social.

Conclusão

A guarda unilateral permanece como uma ferramenta fundamental para assegurar a proteção do menor em situações excepcionais. Sua aplicação deve ser criteriosa, sempre norteada pelo princípio do melhor interesse da criança e do adolescente, conforme impõe o ordenamento jurídico brasileiro.

O profissional do Direito encontra nesse tema uma ampla área de atuação, que exige conhecimento interdisciplinar, domínio técnico e uma abordagem humanizada. A complexidade das relações familiares modernas torna imprescindível que o advogado esteja continuamente atualizado sobre legislação, doutrina e jurisprudência.

Quer dominar a temática da guarda de filhos e se destacar na advocacia de família? Conheça nosso curso Pós-Graduação em Prática da Responsabilidade Civil e Tutela dos Danos e transforme sua carreira.

Insights para Profissionais do Direito

1. Sentenças de guarda devem sempre ser fundamentadas no melhor interesse da criança

A aplicação da guarda unilateral é excepcional e exige uma decisão judicial sólida, com análise probatória robusta e justificação da exclusão do outro genitor da titularidade da guarda.

2. A atuação interdisciplinar é indispensável

Relatórios de psicólogos e assistentes sociais são decisivos e muitas vezes têm valor equivalente ao laudo pericial em questões que envolvem guarda de menores.

3. Advogados devem estar atentos aos elementos de alienação parental

Identificar precocemente comportamentos de obstrução à convivência pode ser determinante para a mudança de guarda ou medidas protetivas efetivas.

4. O direito de visitas não pode ser negligenciado

Mesmo na guarda unilateral, a lei garante o direito de convivência. O descumprimento pode implicar medidas coercitivas ou revisão da própria guarda.

5. O enfoque do Direito de Família é sempre prospectivo

Mais do que punir condutas passadas, as decisões devem se projetar no tempo visando a estabilidade emocional e o desenvolvimento pleno da criança.

Perguntas Frequentes sobre Guarda Unilateral

1. A guarda unilateral pode ser revertida?

Sim. A guarda pode ser revista a qualquer tempo, desde que demonstrada mudança significativa na situação fática ou no comportamento dos genitores, com base no artigo 1.584, §2º do Código Civil.

2. A guarda unilateral exclui o outro genitor do poder familiar?

Não. O genitor que não detém a guarda continua com o poder familiar, exceto se houver decisão judicial que o destitua, o que é cabível apenas em ações autônomas.

3. É possível pedir guarda unilateral liminarmente?

Sim. Em situações de urgência comprovada, o magistrado pode deferir a guarda provisoriamente, com base no artigo 300 do Código de Processo Civil.

4. Quem define as regras de visita do genitor não guardião?

Em princípio, é o Poder Judiciário, caso não haja acordo entre as partes. O juiz pode estabelecer regime de visitas fixo ou flexível, com base nas peculiaridades do caso concreto.

5. A criança pode ser ouvida no processo de guarda?

Sim. O artigo 28, §1º do ECA prevê o direito da criança e do adolescente de serem ouvidos em processos que envolvam sua guarda e destino, respeitada sua faixa etária e discernimento.

Aprofunde seu conhecimento sobre o assunto na Wikipedia.

Acesse a lei relacionada em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm#1583

Busca uma formação contínua com grandes nomes do Direito com cursos de certificação e pós-graduações voltadas à prática? Conheça a Escola de Direito da Galícia Educação.

Este artigo teve a curadoria do time da Galícia Educação e foi escrito utilizando inteligência artificial a partir de seu conteúdo original em https://www.conjur.com.br/2025-jul-13/juiza-concede-guarda-unilateral-a-pai-de-bebe-de-sete-meses-em-go/.

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Escolas da Galícia Educação