Criança e Adolescente: Direitos Prioritários em Políticas Públicas

Artigo sobre Direito

Prioridade dos Direitos da Criança e do Adolescente em Políticas Públicas

Dentro do arcabouço legislativo e jurídico brasileiro, os direitos da criança e do adolescente têm um papel central, refletindo a prioridade que o Estado deve dar à proteção e ao desenvolvimento dessa parcela da população. A Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) sustentam a proteção integral a esse grupo, enfatizando a necessidade de que seja garantido o seu bem-estar em todas as esferas, especialmente em políticas públicas. Neste artigo, discutimos como essa prioridade se manifesta no ordenamento jurídico brasileiro e o impacto das decisões judiciais na formulação de políticas públicas.

O Fundamento Constitucional

No Brasil, a Constituição Federal expressa a essencialidade da proteção à infância e adolescência logo em sua core, prevendo a doutrina da proteção integral. De acordo com o artigo 227, “é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”.

Esta disposição orienta não apenas a legislação infraconstitucional, mas também a atuação de órgãos públicos e privados no que tange à elaboração de políticas sociais e à implementação de programas que visem à proteção desses direitos. Isso implica que todas as ações voltadas à infância e adolescência têm uma prioridade estabelecida, não apenas na execução de políticas, mas também em recursos alocados, atenção e esforços dedicados.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

O ECA, Lei nº 8.069/1990, é a principal norma de proteção à infância e adolescência no Brasil e um marco legal fundamental no tema. Ele consolida a doutrina da proteção integral ao definir a responsabilidade de família, sociedade e Estado na garantia dos direitos fundamentais de pessoas menores de 18 anos. O ECA não apenas estabelece direitos, mas também procedimentos para sua garantia, como a criação dos Conselhos Tutelares, a definição das medidas de proteção aplicáveis e as competências das Varas da Infância e Juventude.

Uma característica central do ECA é a previsão de instrumentos que garantem a participação popular e a fiscalização na implementação de políticas públicas. O Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente, previsto no ECA, é um exemplo disso. Ele tem o papel de formular e monitorar políticas públicas, além de controlar o Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Questão das Medidas Socioeducativas

As medidas socioeducativas são previstas no ECA como sanções aplicáveis a adolescentes que cometem atos infracionais. Essas medidas têm caráter pedagógico e visam à reinserção social dos jovens por meio de ações que incluem desde reparação de danos e prestação de serviços à comunidade até a internação em estabelecimentos educacionais.

Aqui entram as decisões judiciais que, concretamente, exigem a implementação de políticas públicas. Quando a legislação e as recomendações não são cumpridas adequadamente, juízes têm se posicionado de forma a obrigar entes públicos à criação de estruturas e serviços necessários à execução das medidas e ao atendimento aos adolescentes. O destaque da atuação das Varas de Execuções de Medidas Socioeducativas (Vemse) reside neste contexto, podendo determinar que municípios adotem e ampliem serviços fundamentais como os Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS).

A Importância dos CREAS

Os CREAS são unidades públicas de atendimento voltadas para famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, que solicitaram ou precisam de atenção especializada do Estado. No contexto das medidas socioeducativas, esses centros oferecem apoio psicossocial e jurídico tanto aos adolescentes em conflito com a lei quanto às suas famílias, desempenhando um papel estratégico na efetividade das medidas aplicadas e na redução de reincidência infracional.

É crucial que as políticas de assistência social estejam integradas e articuladas com outras políticas públicas de saúde, educação e segurança, garantindo assim uma abordagem holística e efetiva aos problemas enfrentados pela juventude em conflito com a lei. A ampliação das unidades CREAS nos municípios faz parte dessa estratégia de integração.

Impacto das Decisões Judiciais nas Políticas Públicas

Decisões judiciais muitas vezes servem de catalisador para a implementação de políticas que já deveriam estar em prática de acordo com a legislação vigente. Os juízes, ao determinar que municípios implementem ou ampliem serviços, estão, de fato, exigindo a materialização dos princípios constitucionais e legais de proteção à infância e adolescência.

O impacto dessas decisões é duplo: por um lado, força a administração pública a agir conforme suas obrigações legais; por outro, gera uma conscientização social e política sobre a importância do investimento em políticas preventivas e educativas. Além disso, tais decisões também acabam gerando jurisprudência e servem como referência para todo o sistema de justiça em casos similares.

Considerações Finais

A efetividade de uma sociedade se mede, entre outros fatores, pela maneira como lida com as suas crianças e adolescentes. Garantir a estes o devido apoio e proteção é não apenas um dever legal, mas um caminho imprescindível para o desenvolvimento humano e social. Os direitos da criança e do adolescente continuam a ser um foco central do desenvolvimento das políticas públicas no Brasil, impulsionados tanto pelo papel ativo do Judiciário quanto pelo crescente reconhecimento da importância de uma abordagem integrada para a solução de problemas sociais.

Perguntas e Respostas

1. Por que a Constituição prioriza os direitos da criança e do adolescente?
– A prioridade visa assegurar que crianças e adolescentes tenham todas as condições necessárias para um desenvolvimento saudável e protegido, reconhecendo a sua condição peculiar de pessoas em desenvolvimento.

2. Qual é o papel dos CREAS na execução de medidas socioeducativas?
– Os CREAS prestam assistência especializada a adolescentes em conflito com a lei e suas famílias, ajudando na reinserção social e na superação de vulnerabilidades sociais.

3. Como as decisões judiciais afetam a implementação de políticas públicas?
– Ao ordenar a execução de políticas públicas, decisões judiciais garantem que o Estado cumpra suas obrigações constitucionais e legais, promovendo a efetivação dos direitos sociais.

4. Qual a importância do ECA na promoção dos direitos de crianças e adolescentes?
– O ECA é fundamental para institucionalizar os direitos da infância e adolescência, garantindo um sistema de proteção integral e cumprimento de deveres por parte do Estado, sociedade e família.

5. Como a sociedade pode participar na implementação dos direitos das crianças e adolescentes?
– Através de conselhos tutelares, participação em conselhos de direitos, monitoramento das políticas públicas e garantia do cumprimento das normas do ECA, a sociedade pode atuar ativamente na proteção dos direitos infantojuvenis.

Aprofunde seu conhecimento sobre o assunto na Wikipedia.

Acesse a lei relacionada em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm

Busca uma formação contínua com grandes nomes do Direito com cursos de certificação e pós-graduações voltadas à prática? Conheça a Escola de Direito da Galícia Educação.

Este artigo teve a curadoria de Fábio Vieira Figueiredo é advogado e executivo com 20 anos de experiência em Direito, Educação e Negócios. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP, possui especializações em gestão de projetos, marketing, contratos e empreendedorismo.

CEO da IURE DIGITAL, foi cofundador da Escola de Direito da Galícia Educação e ocupou cargos estratégicos como Presidente do Conselho de Administração da Galícia e Conselheiro na Legale Educacional S.A.. Atuou em grandes organizações como Damásio Educacional S.A., Saraiva, Rede Luiz Flávio Gomes, Cogna e Ânima Educação S.A., onde foi cofundador e CEO da EBRADI, Diretor Executivo da HSM University e Diretor de Crescimento das escolas digitais e pós-graduação.

Professor universitário e autor de mais de 100 obras jurídicas, é referência em Direito, Gestão e Empreendedorismo, conectando expertise jurídica à visão estratégica para liderar negócios inovadores e sustentáveis.

Que tal participar de um grupo de discussões sobre empreendedorismo na Advocacia? Junte-se a nós no WhatsApp em Advocacia Empreendedora

Assine a Newsletter no LinkedIn Empreendedorismo e Advocacia

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Escolas da Galícia Educação
O que separa os melhores do resto?

O Que É Alta Performance? Alta performance não significa apenas alcançar resultados extraordinários, mas sim sustentar esse nível de excelência ao longo do tempo sem comprometer o bem-estar físico e mental. Profissionais de alta performance não se destacam apenas pelo talento, mas pela mentalidade, consistência e pelos hábitos que cultivam

Mais >>
A Nova Geração de Gestores

Durante décadas, liderança foi sinônimo de tempo de casa, hierarquia rígida e uma ideia de autoridade que se impunha mais pela idade do que pela visão. Mas algo mudou. E mudou rápido. Hoje, vemos cada vez mais líderes jovens assumindo posições estratégicas, gerindo times complexos e impactando o mercado de

Mais >>
Fique por dentro
Inscreva-se em nossa Newsletter

Sem spam, somente artigos.