Correção Monetária e Juros nas Obrigações Civis: Entenda a Selic

Artigo sobre Direito

Correção Monetária e Juros nas Obrigações Civis: Aspectos Jurídicos Fundamentais

Introdução à Atualização de Dívidas no Direito Civil

A atualização do valor das obrigações pecuniárias é um dos temas centrais do Direito das Obrigações. O fenômeno inflacionário e a perda do valor aquisitivo da moeda tornam imprescindível estabelecer critérios para garantir que o credor não seja lesado ao receber o que lhe é devido. Por isso, o ordenamento jurídico brasileiro disciplina criteriosamente os mecanismos de correção monetária e de incidência de juros moratórios e compensatórios.

Neste artigo, exploraremos as bases jurídicas da atualização de dívidas civis, pontuando os dispositivos legais aplicáveis, bem como desafios interpretativos enfrentados pelos profissionais do Direito na atualidade.

O Papel da Correção Monetária nas Obrigações de Pagamento

A correção monetária visa preservar o valor real de uma dívida, compensando o credor pela desvalorização da moeda ao longo do tempo. Trata-se de fenômeno fundamental à efetividade dos contratos e das relações obrigacionais, evitando que o adimplemento tardio acarrete enriquecimento ilícito do devedor e empobrecimento do credor.

O Código Civil dispõe sobre o tema em diferentes dispositivos. O artigo 389, por exemplo, prevê que o inadimplemento das obrigações responde também pelos prejuízos e lucros cessantes, acrescidos de juros, atualização monetária e honorários advocatícios. Já o artigo 406 trata especificamente dos juros moratórios, mas com remissão à taxa prevista para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.

No entanto, o critério e o índice de correção monetária não são explicitados pelo Código Civil, delegando, na prática, à legislação infraconstitucional e à atuação jurisprudencial a definição dos indexadores legítimos.

Adoção da Taxa Selic como Índice de Correção: Fundamentos e Implicações

A taxa Selic, criada para o sistema de financiamento público nacional, notabilizou-se inicialmente como balizadora dos juros incidentes nos débitos fiscais federais, especialmente após a edição da Lei nº 9.250/95.

O artigo 406 do Código Civil preceitua que, “quando os juros moratórios não forem convencionados, nem forem previstos, ou quando não forem regulamentados, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.” Em razão disso, a doutrina e a jurisprudência passaram a equiparar a taxa de juros moratórios das dívidas civis àquela incidente sobre tributos federais – a Selic.

Há, contudo, debates relevantes na doutrina. Uma corrente defende que a Selic já embarca tanto correção monetária quanto juros, não podendo incidir de modo cumulativo com outros índices de atualização. Por outro lado, há entendimentos favoráveis à utilização de índices tradicionais de correção monetária (IGP-M, IPCA-E, entre outros), acompanhados dos juros moratórios convencionais.

Jurisprudência e Uniformização de Critérios

A falta de regra explícita no Código Civil resultava em significativa insegurança jurídica, pois diferentes tribunais e instâncias adotavam índices diversos, a depender das peculiaridades do caso e do entendimento do julgador.

Com o tempo, formou-se uma tendência no Superior Tribunal de Justiça (STJ) a admitir a Selic como suficiente para remunerar o credor em hipóteses nas quais não haja convenção expressa sobre juros ou atualização. Isso porque a Selic incorpora, em sua formação, tanto a atualização monetária quanto os juros de mora, o que afasta a necessidade de incidência cumulativa de outros índices.

No âmbito da prática jurídica, conhecer detalhadamente esses entendimentos é crucial. Inclusive, advogados e operadores do Direito que lidam com demandas envolvendo responsabilidade civil, contratos e execução de dívidas se beneficiam significativamente ao aprofundar seus estudos em cursos como a Pós-Graduação em Prática da Responsabilidade Civil e Tutela dos Danos, aprimorando sua argumentação técnica.

Compatibilidade da Selic com a Constituição Federal

Uma das questões mais debatidas concerne à constitucionalidade da fixação da Selic como índice de atualização de dívidas civis. A discussão se fundamenta no princípio do direito de propriedade (art. 5º, XXII, CF) e no princípio da vedação ao confisco (art. 150, IV, CF), além da vedação ao enriquecimento sem causa (art. 884 do Código Civil).

A crítica fundamental daqueles que veem inconstitucionalidade está no argumento de que a adoção da Selic poderia, em cenários de inflação baixa, não repor suficientemente as perdas do credor. Já outra linha sustenta que a taxa, por ser única e absoluta, remove dúvidas, homogeniza procedimentos e proporciona maior segurança jurídica.

A jurisprudência pátria, e mais recentemente, entendimentos exarados pelas cortes superiores, consolidam a interpretação de que a adoção da Selic, por englobar juros e atualização monetária, torna-se legítima e constitucional, salvo convenção em sentido diverso entre as partes – respeitando, assim, a autonomia privada.

Juros Moratórios e Compensatórios: Distinções Essenciais

É fundamental distinguir entre juros compensatórios e juros moratórios. Juros compensatórios destinam-se a remunerar o credor pela indisponibilidade do capital ao longo do prazo originalmente pactuado. Já os juros moratórios visam penalizar o devedor pelo descumprimento da obrigação, começando seu curso a partir da constituição em mora.

No sistema jurídico brasileiro, salvo disposição expressa, os juros moratórios para obrigações civis são regidos pelo artigo 406 do Código Civil e, consequentemente, pela taxa Selic, salvo se houver convenção ou disposição legal diversa.

Cabe ainda ressaltar que, para dívidas decorrentes de relações consumeristas, trabalhistas ou benefícios previdenciários, podem prevalecer índices e taxas específicos definidos nas respectivas legislações de regência.

Prática Processual: Pedido e Liquidação de Débitos

No momento da propositura da ação, o advogado deve requerer expressamente a incidência de correção monetária e juros moratórios, sob pena de preclusão. É importante indicar o índice pleiteado e fundamentar a escolha com base na legislação e na jurisprudência vigente.

Durante a fase de cumprimento de sentença ou liquidação, é comum o surgimento de controvérsias acerca do índice a ser empregado, principalmente em condenações ilíquidas ou quando inexistente cláusula contratual específica. O conhecimento aprofundado sobre os critérios técnicos de atualização revela-se um diferencial competitivo na advocacia.

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Caso Concreto e Autonomia Privada: Quando Substituir a Selic?

Na ausência de determinação legal ou convenção entre as partes, a Selic tem-se mostrado o índice padrão para atualização de dívidas civis. Porém, a autonomia privada permite, dentro dos limites legais, que as partes estipulem outro índice, devendo tal disposição constar expressamente do contrato.

A orientação contratual adequada é vital para afastar litígios futuros envolvendo o cálculo da dívida, ressaltando a importância da assessoria jurídica qualificada tanto na redação dos instrumentos quanto na elaboração das peças processuais.

Conclusão

A atualização de dívidas civis por meio da Selic, ao englobar juros e correção monetária, tornou-se padrão no Direito brasileiro, especialmente diante da omissão contratual. Essa diretriz harmoniza a prática forense e assegura maior previsibilidade às relações obrigacionais. Dominar esses fundamentos viabiliza que advogados estejam preparados para propor ou contestar cálculos, aumentando a segurança para seus clientes e a efetividade judicial.

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Insights Relevantes sobre Atualização de Dívidas Civis

O uso da Selic oferece uniformidade, mas requer cautela quanto a situações contratuais específicas que disponham de forma distinta sobre correção e juros. A correção monetária é elemento indispensável à preservação do valor real do crédito. É essencial acompanhar tanto a evolução jurisprudencial sobre índices quanto eventuais alterações legislativas que possam impactar a forma de atualização das obrigações civis.

Perguntas e Respostas Frequentes

1. Posso cumular a Selic com outro índice de correção monetária?

Não. A Selic já contempla atualização monetária e juros, sendo vedada sua cumulação com outros índices, salvo convenção em contrário.

2. É possível pactuar índice diferente da Selic em obrigações civis?

Sim. Prevalece a autonomia privada, desde que o índice acordado não contrarie normas de ordem pública.

3. A Selic pode ser aplicada em dívidas de natureza trabalhista?

Não necessariamente. Para débitos trabalhistas, aplicam-se índices e regras específicas da legislação laboral e da jurisprudência do TST.

4. Como deve o advogado fundamentar o pedido de atualização em juízo?

Recomendável indicar a base legal (art. 406, CC) e eventuais precedentes vinculantes, justificando o índice requerido.

5. A aplicação da Selic é obrigatória para todas as dívidas civis?

Não, mas será aplicada quando não houver previsão legal ou contratual diversa, pois reflexo da orientação jurisprudencial dominante.

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Acesse a lei relacionada em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm

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Este artigo teve a curadoria do time da Galícia Educação e foi escrito utilizando inteligência artificial a partir de seu conteúdo original em https://www.conjur.com.br/2025-set-05/adocao-da-selic-para-corrigir-dividas-civis-nao-ofende-a-constituicao-diz-mendonca/.

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